quinta-feira, 22 de novembro de 2012

MASCOTE DA ADEGANHA

 
Foi criada pelo Daniel Brito para a Ofícina de costura criativa, uma pequena mascote para se fazerem alguns objetos como símbolo da Adeganha. O primeiro foi um morceguinho, por os habitantes nesta aldeia serem apelidados de "MORCEGOS".
 
 
AJUDEM-NOS A DAR-LHE UM NOME! Envia a tua opinião...
 
 

Um bem haja Daniel!

JÁ SE COMEÇOU A CONTAR HISTÓRIAS

 
Primeiras imagens, primeiros cortes, primeiras agulhadas, primeiros desenhos e planeamentos...
 
Assim foi a Oficina de Costura criativa no primeiro dia! 
 
 

 
 
 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

HISTÓRIAS AOS RETALHOS


OFÍCINA DE COSTURA CRIATIVA NA ADEGANHA

O Inverno ainda não chegou, mas o frio já se faz notar. As pessoas na aldeia isolam-se e refugiam-se na lareira. Os dias são mais pequenos, mas custam mais a passar. A azáfama na horta voltou.
Preparam-se as sementeiras e já se saboreiam as nabiças. O Outono trouxe cor aos campos, mas o Inverno aproxima-se…

Para vencer o frio, pretendemos desenvolver uma o
ficina de costura criativa em volta dos retalhos, para proporcionar a quem por cá está, um momento de encontro e partilha.
Este momento começa hoje (20 de Novembro) e irá ocorrer todas as terças-feiras a partir das 20h30.
 
APARECE, traz alegria, retalhos da tua vida, e o que de bom tens para ofecer...
Grupo de Amigos da Adaganha
 


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

LENGALENGAS - À cabra

Era uma vez um homem,
O homem tinha uma cabra,
A cabra tinha um cabrito,
O cabrito tinha um quintal,
O quintal tinha uma árvore,
A árvore tinha um ninho,
O ninho tinha ovinhos,
Os ovinhos chocaram
E nasceram passarinhos.
Os passarinhos cantavam:
Piu… piu… piu… piu…
Os passarinhos cresceram,
Os passarinhos voaram.

*****

O Zezinho foi á horta,
Encontrou a cabra morta;
O Zezinho pôs-lhe o pé,
A cabrinha fez: mé…mé…
in Literatura Popular de Trás-os-Montes e Alto Douro, Joaquim Alves Ferreira, IV Volume, 1999

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

TUNAS POPULARES

 

Tem o fenómeno das tunas sido alvo de pouca atenção por parte dos estudos etnográfico-musicais em Portugal. Nas gravações e nos escritos de Armando Leça não encontramos referência a tunas, o mesmo se podendo dizer das obras de Artur Santos e de Michel Giacometti/Fernando Lopes Graça.
Ernesto Veiga de Oliveira é o primeiro a mencionar este tipo de agrupamento musical popular, dedicando-lhe porém uma pequena secção, no capítulo dos cordofones, do seu vasto estudo sobre os Instrumentos Musicais Populares Portugueses .
 
A escassez de estudos profundos sobre o fenómeno das tunas rurais portuguesas remetia-as para uma zona lateral, ou mesmo inferior, em relação à música de tradição oral. Mas, em contrapartida, ao longo de muitos anos de pesquisa etnomusical por todos os recantos do país, fomos encontrando, aqui e ali, algumas tunas rurais que despertaram o nosso interesse e foram, por isso, objecto de gravação para arquivo. Esse interesse não era, todavia, muito forte, na medida em que, por essa altura, partilhávamos da opinião dominante sobre a falta de valor tradicional do reportório destes agrupamentos, por se tratar de música de autor transmitida através da pauta. Tratava-se antes da constatação de que a sua música exercia um papel importante nas comunidades rurais em que as tunas estavam inseridas, pelo que era preciso registá-la como documento. A pouco e pouco, porém, fomos despertando para a necessidade de entender, de estudar e dar a conhecer esses grupos populares de cordas que animavam, e continuam animando, a vida do nosso povo e que um pouco por todo o lado nos surgiam e íamos gravando. Mas, por enquanto, a nossa prioridade não era essa. Por força das dificuldades em editar trabalhos etnográfico-musicais, preferíamos dar a público os géneros musicais tradicionais considerados mais arcaicos, e assim chegámos aos dias de hoje, com alguns registos sonoros de tunas recolhidos em diversas regiões, mas que estavam esquecidos no nosso arquivo, destinados talvez a ali jazerem preteridos por outros géneros a que a investigação tem dado mais relevo – e nós próprio, aliás, também.
 
Com a criação da colecção Sons da Tradição , tornou-se finalmente viável publicar um estudo profundo sobre as tunas rurais e começámos então a ordenar as gravações que havíamos feito no passado, a efectuar mais profunda pesquisa no terreno, com novas gravações e entrevistas. Pudemos, assim, chegar a este momento e, desta vez, optar, de entre os diversos géneros que compõem o nosso arquivo etnomusical, por dedicar um estudo específico sobre a música das tunas rurais. Como dissemos, é assunto pouco tratado, pouco conhecido, e, precisamente por isso, merece estudo, reflexão e divulgação. As recolhas de música tradicional portuguesa mais conhecidas (Artur Santos, Lopes Graça/Michel Giacometti e as nossas próprias), bem como as ainda por publicar (Kurt Schindler e Armando Leça, visto que as de Ernesto Veiga de Oliveira apresentam um carácter ligeiramente diferente, dada a especial natureza da sua investigação, direccionada para a música instrumental), têm preferencialmente como objecto um género de música rural que poderemos designar, para maior facilidade de entendimento, como “arcaica” ou “antiga”, de certo modo resultante de uma visão romântica segundo a qual a música do povo proviria da noite dos tempos conservada pura até hoje como um fundo ou substracto imutável, que constituiria, do ponto de vista musical, a “genuína” alma nacional. Daí que o público em geral, e mesmo o mais interessado, tenha ainda hoje da música rural uma ideia de primitivismo, de pureza intemporal, de força telúrica, que traz consigo uma impressão de exotismo musical, de carácter pouco acessível, mais próximo das supostas raízes, que se presumem profundas, do que da superficialidade de muitos outros géneros musicais.
 
Parece-nos hoje importante ajudar a alterar esta perspectiva.
 
A música tradicional está em permanente mutação. Não existe tal coisa como a música genuína, intemporal, conservada intacta desde há séculos, como se estivesse isolada da sociedade e das transformações de hábitos e costumes que se vão operando ao longo dos tempos. Bem ao contrário, a música tradicional é um género dos mais mutáveis, recebendo e adoptando constantemente novas contribuições exteriores, as quais, depois de assimiladas e testadas pelo tempo (no sentido de permanecerem, por fazerem sentido, funcionalmente falando, para a vida das comunidades em questão), passam também elas a fazer parte do corpo musical tradicional. Trata-se, pois, de um género musical permanentemente contaminado, receptivo a influências e transformações provindas de outras camadas sociais, de outras terras, de novos tempos com novos hábitos. O reportório musical das tunas é um bom exemplo desse tipo de contribuição. Quantas modas populares tradicionais são, na verdade, adaptações, por vezes simples cópias, de marchas e valsas? E de contradanças, polcas e mazurcas? O que é o corridinho, senão uma chotiça, que por sua vez é uma polca mais lenta criada em meados do séc.XIX na Europa Central e vinda até nós através do teatro musical e de agrupamentos musicais aparentados, ou do género, das tunas? E o que é a moda de dois passos (nalguns sítios conhecida por valsa de dois passos) senão uma mazurca? Estes e outros exemplos justificam plenamente que, para um perfeito conhecimento das músicas que circulam na tradição oral rural, sobretudo das modas bailadas, e das suas origens, seja essencial o estudo comparativo do reportório das bandas filarmónicas e das tunas.
 
O fenómeno das tunas, como grupos musicais organizados, teve nascimento na segunda metade do séc.XIX e o seu reportório tem sido desde então essencialmente constituído por aquilo que vulgarmente – e um pouco erroneamente – se designa por música ligeira, um género musical destinado ao divertimento, ao lazer, à dança. Trata-se, é seguro, de música de autor, geralmente de compositores menores que regiam bandas filarmónicas ou militares e que também se dedicavam a dirigir as tunas locais. Mas, como adiante desenvolveremos, isso não lhe retira importância no estudo da música de tradição oral, já porque toda a música que se encontra em processo de tradicionalização teve necessariamente, em dado momento histórico, o seu autor, já porque há sinais que indicam que também este tipo musical deu contribuições relevantes para o acervo actual da música tradicional portuguesa.
 
É, por todo o exposto, importante o estudo e a divulgação do fenómeno das tunas rurais. Começámos por tomar contacto com a música dessas tunas ainda na primeira metade da década de oitenta, durante as pesquisas que temos vindo a realizar um pouco por todo o país. Embora efectuando algumas gravações, não lhe atribuíamos de início muita atenção, exactamente por a considerarmos fora do conceito e do processo de tradição oral, destinando-se os registos que íamos fazendo a documentar um género musical que entendíamos exterior a esse conceito. Mas o interesse que ela tem para as comunidades onde persiste acabou por nos levar a estudar e entender o fenómeno, bem como a tentar alcançar o seu papel no campo geral das músicas populares e as suas contribuições para a música de tradição oral em especial. Como adiante explicaremos, até um pouco além do meado do séc.XX, viveu-se por todo o país um furor, uma paixão pelos agrupamentos instrumentais de cordas, tanto nas vilas e cidades, como nas mais recônditas aldeias. Quase não haveria uma freguesia do país onde não tivesse existido uma tuna. Assim sendo, não é possível ignorar a importância deste movimento musical, como não é também possível negar que os géneros musicais por ele interpretados tenham exercido influência sobre a música rural. É igualmente matéria que adiante desenvolveremos.
(...)
 
in   Tunas do Marão, José Alberto Sardinha, TRADISON.
 Aqui bem perto ainda pudemos ouvir a Tuna Popular da Lousa. Será que se vai perder por completo esta forma de animar as aldeias? A ver se não...

A moura encantada de Adeganha

No antigo castelo de Adeganha [concelho de Moncorvo] existia uma passagem
subterrânea que depois foi tapada. Lá dentro ficou uma jovem moira que os cristãos
haviam raptado e ali encerraram. Era tecedeira e tecia fios de ouro. Pelo tempo fora, a
moura ali ficou encantada.
Um dia, um pastor andava por ali, guardando as cabras. Subiu ao cimo das
ruínas do castelo e espreitou por um buraco. Viu umas escadas e desceu por elas.
Começou a ver ouro, muito ouro. De repente, assustou-se e voltou a subir, cheio de
medo. Ouviu então uma voz dizendo:
– Ah, ladrão, que me dobraste o encanto!
Era a voz da moura, lamentosa, que ali continuaria, encantada, pelos tempos
fora. O encanto só podia ser quebrado por alguém que ali fosse à meia noite do dia de
São João.

E foi o que aconteceu. Um outro pastor, que guardava ovelhas, deixou perder
uma delas que entretanto parira. Foi procurá-la de noite. Subiu ao castelo para ver se
escutava os balidos da ovelha e da cria. De repente, espreitou pelo buraco. E lá dentro,
viu uma toalha branca, de linho, cheia de figos secos. E que apetitosos!...
Desceu, e foi encher os bolsos. Depois foi à procura da ovelha. Encontrou-a
junto ao castelo, presa em umas silvas e acariciando o cordeirinho. Então meteu um
figo à boca, mas... era de ouro. Os figos eram todos de ouro fino. Ouviu então um
barulho leve, como de avezinha, e uma palavra cheia de ternura e felicidade:
– Obrigada!
Era a moura que voava, livre, para junto dos seus. O encantamento havia sido
quebrado. Ficou da história uma quadra que o povo de Adeganha continua a cantar:


“Aqui está Adeganha,

Toda ela engalanada!

Ao cimo tem o castelo

Com sua moira encantada!”



Fonte
ANDRADE, Júlio – “Lenda da moira encantada de Adeganha”, in Terra Quente, Mirandela, 1-12-1999.



in Parafita, Alexandre, Mouros Míticos em Trás-os-Monte - contributos para um estudo dos mouros no imaginário rural
a partir de textos da literatura popular de tradição oral, Volume II.

 

ENVELHECIMENTO/ CONHECIMENTO

“Uma sociedade para todas as idades possui metas para dar aos idosos a oportunidade de continuar contribuindo com a sociedade. Para trabalhar neste sentido é necessário remover tudo que representa exclusão e discriminação contra eles.”

Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento (parágrafo 19), Madrid, 2002
 
 
 
"O mundo está no centro de uma transição do processo demográfico única e irreversível que irá resultar em populações mais velhas em todos os lugares. À medida que taxas de fertilidade diminuem, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais deve duplicar entre 2007 e 2050, e seu número atual deve mais que triplicar, alcançando dois bilhões em 2050. Na maioria dos países, o número de pessoas acima dos 80 anos deve quadruplicar para quase 400 milhões até lá.
As pessoas mais velhas têm, cada vez mais, sido vistas como contribuintes para o desenvolvimento, e suas habilidades para melhorar suas vidas e suas sociedades devem ser transformadas em políticas e programas em todos os níveis. Atualmente, 64% de todas as pessoas mais velhas vivem em regiões menos desenvolvidas – um número que deverá aproximar-se de 80% em 2050."